Tudo começou quando eu não passei no vestibular para Medicina, mas também não havia estudado.
Não tinha dinheiro para pagar uma Universidade particular. Não tinha uma segunda opção, mas sabia que queria trabalhar com pessoas. E sem querer, por falta de opção e esclarecimento (ou seria o destino), eu fiz um X no quadradinho que marcava: Habilitação em Educação de Deficientes da Audio-comunicação na PUC São Paulo. Era um curso de Pedagogia. Eu conhecia Fonoaudiologia, mas era integral e eu tinha que trabalhar para pagar.
Passei, não gostei de ver meu nome no jornal, mas fui lá e fiz.
30 anos se passaram. Nunca quis trabalhar com outros alunos que não fossem surdo, na época chamados Deficientes Auditivos. Fiz curso de Libras quando estava na faculdade e não se falava de outra coisa a não ser Oralismo.
Recusei propostas e até tentei ser piloto de avião… Juro. Mas, nunca deixei a escola especial para surdos e sempre acredite que poderia ajudar, que eles conseguiriam e que eles seriam “ouvidos”.
Atualmente trabalho na Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura Municipal de São Paulo na divisão de Educação Especial – DIEE . Posso me aposentar, mas ainda não tenho projetos de parar. Vi muito coisa mudar nesses anos, mas espero que muito mais mude. Acredito no respeito, nas oportunidades, na capacidade da pessoa com deficiência e luto por acessibilidade e educação de todos.
