Curiosidades sobre o dia a dia das pessoas com deficiência visual

Ademilson Costa

Você, em algum momento,  já parou para pensar como é a vida das pessoas com deficiência visual?

Já imaginou como fazem para cuidar da própria higiene? Será que conseguem realizar atividades domésticas: fazer comida, lavar e passar roupas, cuidar da casa e dos filhos? No caso daquelas que são totalmente cegas, como fazem para distinguirem as cores de roupas e demais utensílios? Tudo isso, sem falar de como fazem também para se locomoverem pelas ruas e utilizarem o transporte público. Enfim, será que elas conseguem estudar e trabalhar como as demais pessoas?

Antes de mais nada, é importante falar que os deficientes visuais precisam passar por um processo de habilitação/reabilitação. Este trabalho é realizado por entidades especializadas no atendimento a esse público específico. Psicólogos, terapeutas ocupacionais e professores de orientação em mobilidade são exemplos de profissionais que constituem a equipe multidisciplinar responsável por promover a autonomia e independência das pessoas com deficiência visual. Não posso deixar de mencionar que o apoio e atenção da família são determinantes, principalmente nessa fase de adaptação e superação das dificuldades.

Mas, afinal, como que os deficientes visuais conseguem realizar, na prática, suas atividades com independência?

No caso das atividades domésticas, é importante que todas as coisas fiquem organizadas em locais acessíveis para facilitar sua localização. Geralmente, os alimentos ficam guardados em recipientes com algum tipo de identificação, seja com etiqueta em braille, ou, simplesmente, pelo tamanho, formato e textura. O olfato também é um importantíssimo instrumento nessas horas! Aliás, quando se está cozinhando algum tipo de alimento, o uso de todos os sentidos é imprescindível: o tato, para sentir a disposição das panelas e textura dos alimentos; o olfato, para avaliar o odor e cheiro; a audição, para ouvir a efervescência e agitação; o paladar, para conferir o sabor e gosto dos alimentos. A partir disso, perceba que, para as demais atividades, os sentidos também “auxiliam” os deficientes visuais. Quando vão lavar e passar roupas, usam o tato e o olfato, para se certificarem da presença de sujeira e “amassadura” no tecido. Na higiene pessoal, também não há necessidade de ajuda de outras pessoas. Penteiam-se e se vestem sem precisarem estar diante de espelho. Tudo isso fazem até de olhos fechados! Risos

E por falar em se vestir, a informação das cores de roupas é importante também para quem tem a deficiência visual, inclusive, para os cegos. A separação e organização das peças de roupas depende muito da opção de cada pessoa, mas, em geral, são organizadas conforme tipo de tecido e cores informados previamente por alguém que enxerga.

A locomoção pelas ruas e pelos espaços públicos se dá com auxílio de bengala, com base nas instruções aprendidas na fase de habilitação/reabilitação. Obviamente, as barreiras de acessibilidade presentes nos espaços arquitetônicos e urbanísticos, sempre atrapalham a vida dos cegos! É por isso, que a solidariedade e a sensibilidade de todas as pessoas fazem a diferença gigantesca!

Eu não falei antes, mas gostaria de informar aos caros leitores deste artigo que sou deficiente visual de nascença. Sou casado com uma pessoa cega e temos uma linda filha que também é deficiente visual. Atualmente trabalho em uma das maiores instituições para cegos do país.

Sou normal como as demais pessoas: faço compras pela internet (com auxílio de leitores de tela no computador e no celular); frequento a estádios de futebol; realizo compras no mercado; assisto a cinemas e peças teatrais (com auxílio da audiodescrição); ando para cima e para baixo com minha bengala.

Portanto, acredito que a felicidade não consiste em ter visão ou não. Ela, sem dúvida alguma, consiste na capacidade de enxergar com os olhos do coração e da alma!!!

Pense nisso!

Exposição Diálogo no Escuro

A exposição

O conceito da exposição Diálogo no Escuro
é mostrar como é o mundo sem o sentido da visão. Os visitantes são
conduzidos por guias deficientes visuais através de salas totalmente
escuras e especialmente construídas, em que cheiro, som, vento,
temperatura e textura apresentam as características de ambientes
cotidianos como parques, ruas, mercearias, cidades e cafés.

Interação

Os visitantes aprendem a interagir sem a
visão, usando seus outros sentidos. Através dessa inversão de papéis, as
rotinas diárias tornam-se uma nova experiência. Pessoas que podem ver
são levadas para fora do seu ambiente familiar. Os guias com deficiência
visual proporcionam segurança e sentido de orientação aos visitantes.
 

Compreensão

Durante e após a visitação, o público tem
a oportunidade de fazer perguntas que normalmente não tem a chance de
fazer a uma pessoa com deficiência visual reduzindo as barreiras de
ambos os lados e ajudando a compreensão mútua. Como uma “plataforma de
comunicação”, a ênfase não é sobre deficiência visual, mas sim sobre a
importância da compreensão, empatia e solidariedade.
A exposição tem como objetivo mudar a
mentalidade das pessoas sobre  deficiência e diversidade, além de
aumentar a tolerância sobre o “outro”.
 O passeio em si dura pouco mais de uma hora, mas os efeitos podem durar uma vida.

Local:
UNIBES CULTURAL
Rua Oscar Freire, 2500, Sumaré, São Paulo, SP.
O centro cultural fica ao lado da estação Sumaré do Metrô.
HORÁRIOS e PREÇOS:
 2ª, 4ª, 5ª e 6ª:     R$ 24 / R$ 12
(Em Outubro, a Cielo está oferecendo 50% de desconto, em homenagem ao Dia da Visão)
3ª:           Gratuito
Sábado e Feriados:      R$ 30 / R$ 15
 Meia entrada para estudantes e idosos.

Novo software de leitura de textos para deficientes visuais

O SLEP (Scanner Leitor Portátil) possibilita ao usuário acessar textos impressos por meio da audição utilizando um celular compatível (ver lista). Com o software desenvolvido pela NNSolutions, o usuário captura, por meio da câmera do celular, uma imagem do texto que deseja ler e em alguns segundos o software “lê” por meio de voz sintetizada o texto para o usuário. Uma grande acessibilidade para o deficiente visual.

O software reconhece textos com letra impressa (“letra de forma”) e com o texto disposto nos ângulos de 0º, 90°, 180° e 270° com relação ao eixo do celular. Não foi desenvolvido para reconhecer letras cursivas (“feitas à mão”).

Após o reconhecimento, o usuário navegar pelo texto, ouvindo trecho por trecho, podendo-se avançar trechos, repeti-los ou retroceder ao longo do texto, além de ser possível salvar automaticamente os textos reconhecidos ou optar por escolher salvar (ou não) após cada leitura, Dando a liberdade ao usuário de levar seus textos no celular para ouvir em qualquer lugar.

O software está disponível para aparelhos Nokia, com sistema operacional Symbian S60, 3° edição ou superior, com câmera fotográfica com autofocus.

A NNsolutions é a empresa responsável pela criação do software, e para maiores informações, acessem o site.

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